"Artesã da paz e da reconciliação" é o terceiro elemento do lema escolhido para a canonização da Ir. Maria Troncatti, Filha de Maria Auxiliadora (FMA), prevista para o próximo dia 19 de outubro de 2025. Hoje, portanto, aprofundaremos exatamente esse terceiro aspecto.
Quem destaca esse aspecto da religiosa salesiana é Dom Pedro Gabrielli SDB, Bispo Emérito do Vicariato Apostólico de Méndez, no Equador, num vídeo promovido pela Comissão Histórico-Espiritual-Litúrgica, criada especificamente para o Ato da canonização.
O Prelado nasceu em 17 de março de 1931 em Pove del Grappa, província de Vicenza. Chegou ao Equador em 1958 e foi enviado para a selva equatoriana, onde trabalhou com paixão para o povo indígena chuar e para os colonos de Morona Santiago. Conheceu a Irmã Troncatti na década de 1960, quando ela trabalhava no Hospital Pio XII. Ele admirava nela seu grande senso de maternidade e sua dedicação abnegada em defesa da saúde física e espiritual de todos.
Dela recorda antes de tudo “a sensibilidade que demonstrava em todas as atividades que realizávamos em Sucúa, seja com os professores, com os internos ou com o povo… Ela passou a ser corresponsável por todas as atividades realizadas pela missão para o desenvolvimento e a promoção social”.
Naquele período, o contexto social era tenso, principalmente nas relações entre os nativos e colonos, que disputavam a terra, principal recurso de sustento para todos: “As relações, infelizmente, não eram as mais desejáveis nem as melhores” - afirma. A Ir. Troncatti desejava paz; e creio que, em prol da paz, da tranquilidade e da cooperação, ela dedicou sua vida, oferecendo-a a Deus para promover maior harmonia entre os dois grupos étnicos.
Em 4 de julho de 1969, um grande incêndio foi provocado na Casa salesiana, provavelmente por alguns colonos. Tudo acabou queimado, mas, felizmente, não se contaram vítimas.
- Como reagiu Irmã Troncatti? “Reagiu como verdadeira mãe”, recorda o Bispo Emérito. “Saímos de casa com o que tínhamos, porque as chamas do incêndio estavam por todo o lado. (…) E, com uma prontidão incrível, saiu de noite, apesar dos pés inchados e do desconforto físico, para ir à única loja de roupa de Sucúa e nos comprar imediatamente algo que nos protegesse do frio”.
Um amor e atenção iguais por todos, testemunha Dom Gabrielli: “Para mim, a Irmã Maria Troncatti foi uma verdadeira bênção. Ela era a benfeitora, a enfermeira, a ajudante de todos, tanto colonos quanto chuares; todos recorriam a ela. Por isso, exprimir o nosso amor e a nossa gratidão à Irmã Maria Troncatti significa necessariamente considerar as relações que ela cultivava. A Irmã Maria Troncatti amava os colonos e desejava o seu bem, a sua saúde, a sua vida. Ao mesmo tempo, ela amava os chuares, porque eles eram o coração da missão, os seus filhos; e eram o objeto de sua atenção e acompanhamento”.
A Madre Troncatti também buscou ajuda de fora e incentivou o trabalho de muitos jovens voluntários da Operação Mato Grosso dentro da missão, para o desenvolvimento e crescimento da população indígena.
“Ela estava a serviço de todos: se podia fazer algo pelos chuares, o fazia; se podia fazer algo pelos colonos, também o fazia. Estava tão atenta às necessidades de todos que, quando viu que alguns chuares não iam ao Hospital Pio XII que ela havia montado porque o ambiente era muito diferente daquele em que estavam acostumados, imediatamente mandou erguer duas tendas em ambos os lados do hospital, onde até mesmo os nativos mais ‘orgulhosos’ podiam encontrar hospitalidade.
- O Vídeo - em espanhol - com a entrevista com Dom Gabrielli está disponível, aqui.
- Para mais informações, acesse o site criado especialmente para a canonização da Ir. Maria Troncatti: https://mariatroncatti.org