Entre os dias 09 e 13/06, o Centro Salesiano do Aprendiz (CESAM) de Goiânia promoveu um ciclo de atividades em sensibilização para o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil (12 de junho). Além da Formação Permanente de Aprendizes e de uma roda de conversa com as famílias, os jovens também desenvolveram três iniciativas próprias: produção de cartazes, panfletagem e blitz de conscientização.

As ações aconteceram de forma integrada entre todos os módulos do Programa de Socioaprendizagem da instituição, reforçando a mobilização com os jovens, familiares, educadores e a população local. A supervisora de aprendizagem do CESAM Goiânia, Vanessa Rodrigues, explica que as iniciativas da instituição foram desenvolvidas em apoio à campanha nacional para o enfrentamento ao Trabalho Infantil. Ela acontece anualmente em junho, envolvendo tanto o poder público quanto a sociedade em ações de enfrentamento da violação de direitos da criança e do adolescente.

“Nossa qualificação socioprofissional possui um cronograma complementar que promove a formação dos aprendizes em temas sociais de diversas áreas. A luta contra o Trabalho Infantil está na nossa essência enquanto instituição de socioaprendizagem salesiana. Este mês é uma oportunidade a mais para reforçar a mobilização e contribuir para que os jovens também sejam multiplicadores desse movimento de conscientização. O slogan da campanha desta edição, ‘Toda criança que trabalha perde a infância e o futuro’, reflete o que acreditamos os 365 dias do ano. Então, este é um tema que está sempre presente em nossa atuação”, afirma a supervisora.

Cerca de 160 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no início de 2020, segundo os dados da OIT e do UNICEF. O levantamento aponta que a maior incidência de casos é entre meninos, que chega a 97 milhões. A pesquisa também identificou que cerca de 10 milhões de crianças e adolescentes são vítimas de escravidão. No Brasil, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE identificou 1,607 milhão de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no país em 2023. A maior concentração de casos está na faixa etária entre 16 e 17 anos (55,7%) e mais da metade das vítimas são pretas ou pardas (65,2%).

O CESAM Goiânia atende 1.210 aprendizes, sendo que 62,1% são adolescentes (14 a 17 anos) e 69,6% são pretos ou pardos. Vanessa explica que as pesquisas revelam o quanto o Trabalho Infantil está próximo dos adolescentes e jovens atendidos no CESAM Goiânia e das comunidades onde moram. Para ela, as atividades de sensibilização reforçam a importância de colocar em prática ações que fortaleçam a divulgação e garantia dos direitos da criança e do adolescente. “Nossos aprendizes estão em contextos de vulnerabilidade social e muitos deles já vivenciaram ou têm conhecidos em situação de trabalho infantil. Promover essa discussão dentro e fora da instituição é fundamental para nós.”
Uma dessas iniciativas foi o encontro com as famílias dos aprendizes que ingressaram no Programa de Socioaprendizagem durante o ciclo de atividades de sensibilização. A roda de conversa sobre o enfrentamento ao Trabalho Infantil foi conduzida pela Comissão de Articulação Social do CESAM Goiânia, dedicada a iniciativas que fortalecem a cidadania e o acesso a políticas públicas. O momento abordou o cenário da violação de direitos e a importância da socioaprendizagem na proteção da criança e do adolescente. “Acredito que este momento é muito importante para garantir a inclusão social e promover a conscientização sobre o Trabalho Infantil”, afirma Elisangela Godoi, sogra da aprendiz Yasmim Josias.
A Formação Permanente de Aprendizes também foi uma das atividades desenvolvidas para promover a mobilização dos adolescentes e jovens do Programa de Socioaprendizagem. A educadora do CESAM Goiânia Thallya Carvalho explica que a capacitação é fundamental para a formação cidadã dos aprendizes, tornando-os capazes de contribuir ativamente com suas comunidades. “Depois do encontro, eles desenvolveram uma ação prática. Os aprendizes fizeram blitz de conscientização, panfletaram e também criaram cartazes contra essa prática criminosa e que ainda é comum no Brasil.”
A aprendiz Ana Luíza Nogueira acredita que as atividades sobre o enfrentamento ao Trabalho Infantil são muito importantes para a formação integral dos jovens. Ela destaca que ficou muito comovida com o vídeo transmitido durante a formação sobre crianças trabalhando na fabricação de castanhas. “Muitas vezes nós fechamos os olhos para aquilo que está acontecendo ao nosso redor e fingimos que nada aconteceu. Enquanto isso, tem crianças que perdem a sua infância trabalhando para ajudar os pais a sustentar a casa e abandonam os sonhos de ser alguém na vida.”
Para o aprendiz Rikelme Furtado, as atividades de sensibilização para o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil deveriam receber maior visibilidade das pessoas e do poder público. “É muito pertinente trazer essa discussão porque não é um assunto muito abordado no nosso dia a dia, mas ocorre do nosso lado. Milhares de crianças perdem totalmente o seu direito de liberdade e um ponto importante é a desigualdade. Muitas delas tendem a trabalhar como meio de arrecadar dinheiro pra família. Isso deveria ser mais debatido.”
De acordo com Vanessa, a mobilização para a erradicação do Trabalho Infantil vai além da luta por direitos, fortalecendo também a dimensão social e cidadã do Programa de Socioaprendizagem. “O CESAM Goiânia está preocupado com a formação de valores sólidos e que vão apoiar os adolescentes e jovens a serem protagonistas de suas trajetórias. Então, nossa qualificação socioprofissional é também uma oportunidade de crescimento integral, que contribui para o desenvolvimento pessoal, social e emocional dos aprendizes.”
A supervisora também destaca o compromisso da instituição com o acolhimento, a capacitação e orientação dos jovens a partir do Sistema Preventivo de Dom Bosco. “As vagas de emprego são, sim, fundamentais para transformar a realidade dos aprendizes, porque a socioaprendizagem é uma forma protegida de acesso ao trabalho. Mas, o conhecimento, os valores éticos e as experiências que eles recebem aqui para além do mundo profissional é o que vão carregar para sempre em seus corações.”

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