Dom Antônio Emílio Vilar, arcebispo metropolita de São José do Rio Preto, primeira arquidiocese criada por Leão XIV no seu pontificado, visitou a Rádio Vaticano – Vatican News nesta sexta-feira (27/06). Dom Vilar vai receber o Pálio das mãos do Papa Leão XIV neste domingo, na Basílica de São Pedro.
Conversando com a Rádio Vaticano, dom Vilar destacou que “é muito bonito receber o Pálio neste domingo, e também nesse momento novo, como arquidiocese de São José do Rio Preto, em que toda a nossa Igreja do Brasil também está colhendo os frutos desse crescimento, da evangelização e também da estruturação das nossas dioceses e arquidioceses.
O que significa receber o Pálio? “É claro que é o símbolo do pastor. Está ali como se fosse uma ovelha no pescoço. É buscar aquela ovelha perdida, ter o cheiro das ovelhas. O sentido também de dar a vida como pastor. Assim, esse é o momento de estar unidos ao Papa, que agora volta não só a entregar, mas também a impor o Pálio em comunhão com o colegiado e com os bispos do Brasil. Então, é um momento que abre um leque de possibilidades na vivência da Igreja ali no regional, Sul 1, mas também como Igreja no Brasil”.
O Pálio é uma estola, branca que se coloca nos ombros… e representa, como o senhor estava falando também, a ovelha. Ovelha perdida ou a ovelha achada? “Exato. Vamos dizer que ambas, às vezes, ela se perdeu e é muito bom ir ao encontro. Não deixar que as coisas aconteçam e a gente se conforme, mas a alegria de encontrá-la e realmente fazer festa. Então, é bonito a gente poder sentir o afeto, o carinho, o carinho, para com cada ovelha. Cada uma é muito especial”.
É a primeira solenidade de Pedro e Paulo do nosso Papa Leão XIV, com, já é tradicional, então, a entrega do Pálio e, dessa vez, além da entrega, da imposição. “Exato. Nós temos no Brasil cinco novos arcebispos, e, portanto, cinco vão receber o Pálio das mãos do Papa Leão. E é um momento bonito de voltar a esse costume, para mostrar a colegialidade, a comunhão com o Papa. E o zelo de todo o pastoreio junto ao Papa, de todos esses que vão receber o Pálio e que vêm de todas as raças e línguas. Um momento tão rico da Igreja Católica que vamos celebrar”.
Falamos um pouco da sua realidade, da sua arquidiocese. “Esta arquidiocese, já com Dom Orani, 25 anos atrás, ao ser criada a diocese de Catanduva, era já possível ter a arquidiocese, mas, naquele momento, foi simplesmente dividida em RP1 e RP2, começando a funcionar já essas autonomias, mas não foi criada ainda, na época, a arquidiocese. É um momento de maturidade, de compreensão e também do crescimento que, nestes 25 anos, aquela região teve. Temos um clero que é numeroso, vamos dizer, temos uns 130 padres e ajudamos também a Igreja Irmã, lá na Amazônia, Cruzeiro do Sul.
Temos também o Instituto Missionário, que ajuda na missão, também, em outros lugares. Não só em Cruzeiro do Sul, com dois padres, mas também no Instituto Missionário Imaculado Coração de Maria. E a Fraternidade São Francisco de Assis, que tem os barcos hospitais na Amazônia, com o Frei Francisco. E ainda, vamos dizer, tantos hospitais e obras sociais de atendimento à recuperação de toxicodependência ou pessoas muito especiais que são tratadas. E é, realmente, uma riqueza daquela arquidiocese, essa fraternidade. Depois, nós temos várias outras expressões.
Além da Catedral, temos a Basílica Nossa Senhora Aparecida, que foi construída como voto do Bispo Dom Lafayette, porque a guerra da Constituição não chegou lá. Então, ele cumpriu o voto, dedicando a Nossa Senhora Aparecida, essa Basílica. Uma arquidiocese muito ligada ao Padre Donizete Tavares de Lima, também de Tambaú, que agora será declarado santo. Eu o acompanhei por São João da Boa Vista. Ouvia dizer que o Bispo de São José do Rio Preto, na época, foi a Tambaú agradecer uma cura. E era justamente ali onde eu estou hoje. São as providências de Deus que ligam as coisas na nossa história. Muitas outras realidades da arquidiocese, a gente vai conhecendo aos poucos. Estou ali há três anos e pouco, mas é uma realidade em amplo crescimento, não só populacional, mas também na estruturação da arquidiocese.
Pálio
O Pálio - derivado do latim pallium, manto de lã - é uma vestimenta litúrgica usada na Igreja Católica, consistindo de uma faixa de pano de lã branca que é colocada sobre ombros dos Arcebispos.
Este pano representa a ovelha que o pastor carrega nos ombros, assim como fez Cristo com a ovelha perdida. Desta forma podemos dizer que o palio é o símbolo da missão pastoral do bispo. O pálio é também a prerrogativa dos arcebispos metropolitanos, como símbolo de jurisdição em comunhão com a Santa Sé.
História
Originalmente o pálio era o manto usado pelos filósofos e na arte paleocristã, eram pintados neste "manto" Jesus e os apóstolos . Esta prática foi posteriormente adotada também pela Igreja Cristã, com um uso semelhante ao do omoforion (uma tira de pano), muito mais larga que o pálio, atualmente usada pelos bispos ortodoxos e pelos bispos católicos orientais de rito bizantino.
O pálio era originalmente uma única tira de pano enrolada nos ombros e caída no peito na altura do ombro esquerdo; nos primeiros séculos do cristianismo foi trazido por todos os bispos.
Podemos ver nas iconografias que representam os primeiros bispos e santos, como Santo Ambrósio, Santo Atanásio, São João Crisóstomo, Santo Inácio de Antioquia, São Hilário e outros.
O primeiro caso conhecido de imposição do pálio a um bispo remonta a 513, quando o Papa Simmaco concedeu o pálio a São Cesário, bispo de Arles.
A partir do século IX reduziu-se ao formato atual de "Y", com as duas extremidades descendo abaixo do pescoço até o meio do peito e nas costas e se tornando a marca registrada dos arcebispos metropolitanos que o obtiveram pelo papa.
Como é o Pálio
O Pálio, em sua forma atual, é uma faixa estreita de tecido, com cerca de cinco centímetros de largura, tecida em lã branca, curvada no meio para poder repousar sobre os ombros acima da casula e com duas abas pretas penduradas na frente e atrás, de modo que - visto tanto na frente quanto atrás - a vestimenta lembra a letra "Y".
É decorado com seis cruzes negras de seda (que lembram as feridas de Cristo), uma em cada cauda e quatro na curvatura, e é cortado na frente e atrás, com três alfinetes de gema aciculada em forma de alfinete. Essas duas últimas características parecem ser uma lembrança dos momentos em que o pálio era um simples lenço duplo dobrado e pregado com um alfinete no ombro esquerdo.
Dom Piero Marini para o Papa Bento XVI restaurou o uso do longo e cruzado pálio no ombro esquerdo usado até o século IX, deixando inalterada a forma do pálio concedido aos arcebispos, com as duas abas penduradas no alto centro do peito e no meio das costas.