Na última sexta-feira (28/11), o Centro Salesiano do Aprendiz(CESAM) de Goiânia promoveu mais uma edição da Formação Permanente de Educadores, iniciativa realizada para a capacitação, diálogo e reflexão sobre temas relacionados ao mercado de trabalho, à juventude e à sociedade. Encerrando a programação do Mês da Consciência Negra na instituição, o encontro discutiu “Como combater o racismo estrutural com práticas antirracistas”. A conscientização para a promoção da igualdade étnico-racial integra de modo permanente as formações complementares do Programa de Socioaprendizagem, tanto para educadores quanto para aprendizes.
Segundo a supervisora de aprendizagem do CESAM Goiânia, Vanessa Rodrigues, a capacitação contínua dos profissionais da instituição é fundamental para mantê-los alinhados aos desafios enfrentados pelos aprendizes. Para ela, a qualificação constante permite que o educador compreenda melhor as diferentes realidades dos jovens e atue de forma mais consciente, acolhedora e transformadora. “O papel dos nossos educadores vai além da mediação do conteúdo teórico do programa, colaborando também com o apoio socioemocional, o fortalecimento da autoestima e a orientação cidadã.”
Organizada pela Comissão de Inculturarte do CESAM Goiânia, a Formação Permanente de Educadores abordou conceitos importantes, a criminalização do racismo e a importância do letramento racial. Para isso, a iniciativa foi conduzida pela advogada, palestrante, consultora e assessora jurídica Maria Camila Lima. Ela é presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB subseção de Aparecida de Goiânia, vice-presidente da Comissão de Raça, Etnia e Diversidade do IBDFAM-GO e integrante do Projeto Griô da Universidade Federal de Goiás em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR).
Ao longo do encontro, a advogada compartilhou experiências e reflexões que reforçam a urgência das práticas antirracistas nos ambientes de formação. Segundo ela, discutir o tema com educadores é essencial para a transformação social, sobretudo em instituições que atendem adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. “Precisamos desconstruir o preconceito estrutural da nossa sociedade. A gente sabe que o recorte racial e, sobretudo, social é muito cruel quando se pensa na juventude.”
A palestrante ressalta que debater o racismo estrutural e a luta antirracista em ambientes educativos amplia a capacidade de conscientização e acesso à informação. Para ela, a Formação Permanente de Educadores fortalece o papel dos profissionais do Programa de Socioaprendizagem na qualificação dos aprendizes. “Para mim, estar nesses espaços e contribuir com temáticas que nos fazem refletir é muito importante. Desejo que esses diálogos possam reverberar e que os educadores multipliquem o que foi discutido também com seus jovens.”
O impacto da formação não se limita ao encontro em si, mas se estende às práticas cotidianas dos educadores. Vanessa destaca que a iniciativa amplia a capacidade de intervenção dos profissionais, que passam a atuar de forma mais embasada na promoção da igualdade, no enfrentamento às desigualdades e na defesa dos direitos dos aprendizes. “Quando o educador entende como o racismo opera e aprende a combatê-lo, ele se fortalece enquanto cidadão e agente transformador. Isso repercute diretamente na formação dos jovens e, consequentemente, na sociedade.”
A supervisora explica que a Formação Permanente de Educadores tem papel crucial no Programa de Socioaprendizagem do CESAM Goiânia, pois garante que as ações desenvolvidas não se tornem superficiais. “É esse movimento contínuo de qualificação, debate e reflexão que assegura coerência e a qualidade da capacitação dos nossos jovens. Formar educadores preparados é garantir que os aprendizes sejam acompanhados por profissionais capazes de promover diálogos, conduzir debates e intervir de forma ética em situações de discriminação.”
O Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) foi instituído pela Lei 10.639/2003, em referência à morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares. A lei determina também a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira em escolas públicas e privadas. Embora a data tenha uma grande relevância simbólica, Maria Camila reforça que o enfrentamento ao racismo não pode se limitar a um período do calendário. “É lógico que essa data é muito importante para o Movimento Negro. Mas, o racismo é cotidiano e é o ano inteiro. A gente precisa diariamente combater o racismo e as ideologias racistas que não são sobre opinião pessoal, mas sobre um crime. É uma luta permanente.”
A continuidade dessas ações aliada à adoção de práticas antirracistas é o que garante mudanças reais na estrutura social. Com essa perspectiva, o CESAM Goiânia reafirma o compromisso de assegurar a promoção da igualdade étnico-racial em todos os contextos do Programa de Socioaprendizagem. “Este é um valor inegociável e está na essência da missão salesiana. Compreender e adotar práticas antirracistas é fundamental para promover equidade, respeito e novas oportunidades para os aprendizes. Além da formação em si, momentos de diálogo como esse contribuem para construir caminhos mais justos para a juventude”, afirma Vanessa.
Denunciar é uma forma de proteção, garantia de direitos e enfrentamento concreto ao racismo. Em Goiás, os casos podem ser registrados na Delegacia Estadual de Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e de Intolerância (DEACRI), localizada na Praça do Violeiro, Avenida Solar, Setor Urias Magalhães, em Goiânia. O atendimento pode ser solicitado pelos telefones (62) 99288-6108 ou (62) 98495-2047.


