Caros amigos,

Deus, que nos ama, deseja que vivamos segundo o Seu plano: só assim obteremos a nossa verdadeira realização e a verdadeira felicidade. Deus - também o mundo, o ambiente que nos circunda, nós mesmos, até o diabo – falam-nos, impelindo-nos a fazer uma coisa ou outra. O discernimento é um processo de oração: consiste em identificar a fonte destas comunicações ou movimentos interiores, e optar por aquilo que é segundo a Vontade de Deus. Isto é necessário não só em algumas, raras, ocasiões quais: decidir se casar; se fazer-se religioso ou sacerdote; se fazer voluntariado missionário... É preciso fazê-lo diariamente: p. ex., quando se escolhe entre estudar, ou relaxar-se, ou ajudar alguém em dificuldade; ou quando se opta por calar ou denunciar o mal que nos foi feito por outra pessoa... Isto traz paz e fortalece o nosso relaciona-mento com Deus e com os outros. Ajuda-nos a viver com o amor e a sabedoria do Senhor Jesus.  Há, pois, que cultivar o hábito do discernimento diário.


P. Jose Kuttianimattathil SDB
Setor para a Formação

Pelo dom do discernimento, agradecemos

No processo decisório, muito importa que eu saiba quais são as minhas opções. Acerca do que não conheço, eu não posso escolher. É, pois, importante que eu conheça as minhas opções. Dispor de muitas opções não é que leve necessariamente à confusão no decidir. Pelo contrário, as opções, ao confrontá-las, ajudam a esclarecer as ideias. As opções deverão estar sempre presentes. Como escolho? Quais serão os meus critérios de escolha? Há três critérios:

  1. a escolha vai tornar-me uma pessoa melhor? Parte-se da autorrealização que leva à autotranscendência;
  2. a escolha tornará as outras pessoas melhores? Autotranscendência em termos de superação de mim mesmo e de minha doação aos demais;
  3. a escolha me aproximará de Deus? Não só autotranscendência ou transcendência humana mas também transcendência religiosa - vida pneumática - isto é, vida vivida segundo o Espírito; uma vida, pois, vivida, que não mais se refere só a mim, ou ao outro, mas também ao Outro, que é Deus.

Muito importa a presença de um guia espiritual que acompanhe o discernimento. O guia espiritual traz ao processo de discernimento a perspectiva de Deus. O guia espiritual ajuda a esclarecer, aprofundar e até pôr em discussão as motivações das opções feitas. O guia espiritual pode acompanhar a pessoa a "ver" e "considerar" o que não é evidente, aquilo de que não se é consciente; e a perspectiva do Deus que chama a si e que envia em missão.

O processo de discernimento deve também poder dispor do seu tempo. Nem sempre se pode fazer num piscar. Também uma decisão imediata precisa de uma confirmação. O tempo do discernimento ajuda a tornar a própria decisão fundada e radicada. Portanto, a confirmação advém da experiência vivida da pessoa com Deus.

Para isso são, outrossim, necessárias três importantes contribuições formativas:

  1. uma experiência de exposição-imersão na vida e na missão salesiana, experiência vivida em comunidade;
  2. a redação de um diário acerca do que se viveu, a fim de que as experiências não se tornem meras atividades ou experiências passageiras; mas, antes, experiências sedimentadas, adquiridas;
  3. o acompanhamento individual e de grupo do processo, por parte de um guia (guia espiritual e outros formadores encarregados dos vários processos formativos).

Especificamente, para missionários, ajudamos a pessoa a não só discernir a sua vocação salesiana missionária mas a ajudamos a tornar-se uma pessoa capaz de discernir. Pela graça de ser acompanhados, agradecemos. E esta é a finalidade principal da Escola de Acompanhamento Espiritual Salesiano, organizada pelo Setor para a Formação: preparar guias espirituais salesianos que possam oferecer o ministério do acompanhamento espiritual pessoal.

Sr. Raymond Callo SDB, Setor para a Formação

COMO SE FAZ O DISCERNI-MENTO MISSIONÁRIO?

Meu caro Reginaldo, o Sr. - como responsável pelos cursos de formação missionária no Setor para as Missões - , o que considera mais importante para uma boa e atualizada formação/preparação missionária hoje?

Para ajudar os missionários em sua formação, o Setor oferece três cursos: - o Curso ‘Germoglio’ (Broto) para os missionários que partem; - o Curso ‘Respiro’ para os missionários que estão em missão ou querem atualizar-se sobre temas missionários; - e o Curso ‘Sorgente’ (Fonte) para missionários idosos (over-70). Com tais Cursos, o Setor deseja reforçar os elementos que ajudam cada Coirmão em sua vida missionária.

Julgo que, hoje, para uma boa e atualizada formação missionária, seja, em primeiro lugar, importante ter a consciência de que ser missionários significa estar atentos para responder às necessidades que se apresentam hoje nos variados contextos do mundo e da Igreja.

Como funciona o processo de discernimento e de acompanhamento para aqueles que se sentem chamados a tornar-se missionários 'ad Gentes'?

A vocação missionária 'ad Gentes' precisa de um discernimento atento. É este um percurso gradual e progressivo, que se faz com a ajuda de um Guia Espiritual, do Diretor da Comunidade SDB e da Equipe formadora dos Coirmãos que estão em formação inicial. Os critérios e o processo de discernimento da vocação missionária são explicados de maneira clara no documento “A Formação Missionária dos Salesianos de Dom Bosco” (SDB, Roma, 2014). Há que sublinhar, entretanto, alguns elementos.

Não há um limite de idade para partir como missionário. O coirmão pode escrever diretamente ao Reitor-Mor apresentando a sua disponibilidade missionária depois de ter consultado o seu Diretor, o Inspetor e o próprio Guia espiritual. Recebida a Carta, o Reitor-Mor a entrega ao Conselheiro Geral para o Setor das Missões: é ele que inicia ou continua o diálogo com o candidato, envolvendo o respectivo Inspetor e seu Conselho, pedindo a eles um parecer -escrito- para avaliar da idoneidade do candidato. Se o candidato estiver em formação inicial, é necessário um parecer escrito também do Diretor e do Conselho da Casa. Recebido o parecer favorável do Inspetor e do seu Conselho (e do Diretor e Conselho da Casa), o Conselheiro Geral para as Missões faz um estudo com o Reitor-Mor acerca das necessidades e prioridades missionárias do ano e as possíveis destinações. O Conselheiro Geral para as Missões propõe ao Conselho Geral as destinações dos membros de cada expedição missionária.

Como parte final do discernimento, o candidato participa do Curso ‘Germoglio’ nos ‘Lugares Salesianos’ na Itália; e recebe a Cruz Missionária Salesiana das mãos do Reitor-Mor durante a Cerimônia de Envio, na Basílica de Maria Auxiliadora, em Turim-Valdocco.

Fonte: sdb.org

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