Entre o real e o virtual a realidade é uma só

Cada vez mais, o mundo em que vivemos torna-se complexo. A Revolução Tecnológica, a Indústria 4.0, a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial transformaram nosso modo de pensar e de fazer. Da liquidez ao metaverso, a sociedade tornou-se demasiadamente incompreensível, já que é quase impossível assimilá-la devido à rapidez das suas mudanças.

As ideias de "realidade real" e "realidade virtual", do filósofo francês Pierre Lévy, tornaram-se uma só realidade, tendo em vista que a virtualização do ambiente de trabalho, impulsionada pela pandemia, mas, não só por ela, veio para ficar e, daqui para frente, tornar-se-á mais comum.

Na verdade, entre o real e o virtual, a realidade é tridimensional: conectada, complexa e fluida. Por isso, a maneira de pensar e de fazer as coisas também mudou.

Pensamento crítico como inspiração para a inovação

Nesta realidade conectada, complexa e fluida, uma das competências fundamentais é o pensamento crítico.

Conseguir enxergar a realidade para além da aparência é uma competência que faz toda a diferença num contexto onde o foco é ofuscado pelas inúmeras distrações e as mudanças acontecem numa velocidade milionésima.

"O pensamento crítico favorece uma leitura da realidade para além do que se vê".

Além de possibilitar a capacidade de resolução de problemas complexos, o pensamento crítico favorece uma leitura da realidade para além do que se vê. A análise do contexto, do lugar de onde se fala e de onde se escuta são elementos essenciais para captar possibilidades onde a maioria dos mortais não captaria. Esta sensibilidade de captar possibilidades aumenta e muito a capacidade de inovação.

A inovação começa pela atitude de análise crítica do contexto em que atuamos e que desejamos transformar. Inovar não significa somente pensar em criar coisas que ainda não existem como grande novidade. Isso também, mas, não só. Inovar também está relacionado à capacidade de criar novas maneiras de fazer as coisas que já são realizadas, superando o "sempre foi assim".

Criar novos processos e fluxos que vão agilizar as entregas e melhorar os resultados é também inovar. Pensar em instrumentos e ferramentas que possibilitem maior gerenciamento de dados e de serviços é inovação.

Hoje os dados estão para todos os lados. As informações estão muito mais disponíveis. Porém, para quem não sabe usar de maneira estratégica os dados que tem disponível, avaliando criticamente as informações, de nada adianta tê-las disponíveis.

Para quem pensa de maneira crítica, dados são informações preciosas que se transformam em estratégias, que guiam o caminho a seguir, dando um norte para as ações em curto e médio prazos. Longo prazo, por sua vez, não existe mais, pois, o mundo já terá mudado totalmente em pouco tempo.

Superar o "sempre foi assim" é muito mais do que "pensar fora da caixinha"

Não se inova, porém, sem pensar criticamente. O "sempre foi assim" é o maior obstáculo para a inovação e a principal característica de quem não pensa criticamente.

"Na maioria das vezes, uma grande ideia surge de um problema concreto, fruto de soluções ou de ferramentas que no tempo em que foram criadas eram inovadoras".

Por outro lado, pensar criticamente exige estudo, foco e disciplina. Muita gente pensa que inovação é sinônimo de "pensar fora da caixinha", isto é, fugir do habitual e seguir por caminhos totalmente novos. Isso pode acontecer. Porém, na maioria das vezes, uma grande ideia surge de um problema concreto, fruto de soluções ou de ferramentas que no tempo em que foram criadas eram inovadoras.

A chance de inovarmos pode estar bem na nossa frente, no nosso time, no nosso jeito de fazer essa ou aquela tarefa simples, mas, se não desenvolvermos o pensamento crítico, não enxergaremos para além das aparências e vamos continuar a fazer tudo do mesmo jeito, afinal, "sempre foi assim".

Referências

DRUCKER. Peter F. Inovação e Espírito Empreendedor: práticas e princípios. São Paulo: Cengage, 2022. 383p.

CHRISTENSEN, Clayton M. O Dilema da Inovação. São Paulo: M. Books, 2012. 120p.

LÉVY, Pierre. O que é o virtual ?. São Paulo: 34, 1996. 157 p.

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