O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e conhece todas as línguas, aleluia! (Sb 1,7).
A antífona da Santa Missa de Pentecostes insere-nos no Mistério da terceira Pessoa da Santíssima Trindade, isto é, Aquele que nos une intimamente ao Criador, relembrando-nos cotidianamente a nossa natureza e o Sacrifício de Cristo na cruz. Ele que falou pelos profetas , agora fala em cada um de nós.
Após cinquenta dias da Páscoa, a liturgia nos recorda a descida do Espírito Santo sobre a Igreja nascente. Aquele mesmo Paráclito, enviado pelo Pai, prometido por Jesus, para que o povo de Deus não se veja sozinho, mas tenha a plena convicção de que a Sabedoria divina está com ele, guiando-o na missão de instaurar o Reino da justiça e do amor. (Jo 14, 16).
O Espírito infunde o sentido de Deus [...] Tudo que o mundo orienta para Deus, tudo o que evoca explícita ou implicitamente a presença ou a intervenção de Deus, tudo o que leva à busca de Deus tem o Espírito como força recôndita.
Pelo Espírito somos incluídos na vida da Trindade Santa e podemos compreender os mistérios da economia salvífica, aquilo que aparentemente é loucura para os pagãos (1 Cor 1, 23), para os Cristãos é a certeza da vida em Deus. O Espírito ilumina nossa sabedoria, fazendo-nos compreender o amor de Jesus e como Ele quer ser próximo a nós. “Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” (1 Cor 1, 25)
É o mesmo Espírito que recorda a todos as alegrias vividas com Jesus e aqueles ensinamentos que tocavam o íntimo da alma, no ímpeto da verdade mais profunda. Eram palavras que superavam a dicotomia Criador-criatura, mas inspirava o afeto do Amigo com o amigo; do Amor com o amado; da Graça com o agraciado.
É este Espírito que movimenta os apóstolos a não mais ficarem paralisados diante do medo e dar voz ao ide. Ele impele os discípulos a romperem a cadeia da indiferença, do individualismo e do comodismo e sair ao encontro de todos aqueles que precisam de libertação. Enquanto estes abrem as portas da indiferença e começaram a pregar, não as suas palavras, mas a Palavra. Por isso, cada qual ouvia em sua língua, na alma, a voz do Senhor.
O Espírito que pairava sobre as águas de uma terra informe, (Gn 1, 2) ainda não alcançada pela harmonia do Criador, acha repouso na alma de cada homem e mulher que se abre à Nova Criação. É Jesus quem afirma: “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5).
Por fim, como nos lembra o Papa Leão XIV em seu primeiro discurso – ainda na sacada da Basílica de São Pedro – Jesus aparece no cenáculo e antes de enviar o Espírito e os discípulos em missão, deseja-os a paz. É esta paz que Ele quer para o mundo, é a vivência da paz que o Espírito inspira em cada um de nós discípulos e discípulas do amor.