Ao celebrarmos a solenidade dos santos apóstolos Pedro e Paulo, contemplamos não apenas figuras do passado, mas fundamentos vivos da Igreja de todos os tempos. Esta celebração tem um significado ainda mais profundo para os católicos, pois no dia 29 de junho também comemoramos o Dia do Papa, uma oportunidade para renovarmos nossa comunhão com o Sucessor de Pedro e agradecermos a Deus pelo seu ministério de unidade e guia espiritual.
Pedro, o pescador galileu chamado a ser a "pedra" sobre a qual o Senhor edificaria sua Igreja (Mt 16,18), e Paulo, o fariseu convertido no caminho de Damasco, escolhido para ser o "vaso de eleição" (At 9,15), representam as duas dimensões essenciais da vida eclesial: a fidelidade à tradição apostólica e o ardor missionário. O Papa, como herdeiro do ministério petrino, é o sinal visível dessa continuidade, garantindo que a Igreja permaneça una, santa, católica e apostólica.
Neste contexto, recordamos a profunda devoção que São João Bosco nutria pelo Papa. Ele, fundador da Família Salesiana, era conhecido por sua incansável obediência e afeto ao Sumo Pontífice, a quem chamava carinhosamente de "o doce Cristo na terra" (BOSCO, 2015, cap. 18, p. 112). Dom Bosco ensinava que amar o Papa não era apenas um dever, mas uma expressão de amor a Cristo, que confiou a Pedro as chaves do Reino. Em suas palavras:
"O Papa é o vigário de Jesus Cristo, e por isso devemos amá-lo, honrá-lo e obedecer-lhe em tudo o que se refere à fé e à moral.
Quem se separa do Papa, separa-se da Igreja; e quem se separa da Igreja, separa-se de Deus." (cf. Leituras Católicas, 1845)
Essa devoção se traduzia em gestos concretos: Dom Bosco promovia a oração pelo Papa entre seus jovens, defendia a autoridade pontifícia em tempos de turbulência política e viajou a Roma diversas vezes para demonstrar sua fidelidade. Seu exemplo nos inspira a viver a mesma comunhão filial com o Santo Padre, especialmente em tempos de desafios para a Igreja.
Simão Pedro, o primeiro entre os apóstolos, é um exemplo marcante de como Deus escolhe os fracos para confundir os fortes (1Cor 1,27). Ele, que teve momentos de grande fé – como quando caminhou sobre as águas (Mt 14,29), também conheceu a fraqueza da negação (Mt 26,69-75). No entanto, o Ressuscitado não o rejeitou, mas confirmou-o no amor e no ministério: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,17).
O Papa, como sucessor de Pedro, não é um homem infalível por si mesmo, mas é assistido pelo Espírito Santo para guiar a Igreja na verdade (Lc 22,32). Sua autoridade não é domínio, mas serviço, como o próprio Jesus ensinou: "Quem quiser ser o primeiro entre vós, seja servo de todos" (Mc 10,44).
Saulo, o perseguidor dos cristãos, tornou-se Paulo, o apóstolo das nações, após um encontro que mudou sua vida para sempre (At 9,1-19). Suas cartas respiram um amor ardente por Cristo e uma urgência missionária: "Ai de mim se não anunciar o Evangelho!" (1Cor 9,16).
Paulo ensina que a Igreja não pode ficar fechada em si mesma. Ela deve ir às periferias existenciais, anunciar a salvação a
todos, sem medo de enfrentar as resistências do mundo. Se Pedro é a garantia da unidade, Paulo é o impulso missionário que impele a Igreja a sair de suas seguranças.
Pedro e Paulo derramaram seu sangue em Roma, transformando a capital do Império no centro da fé cristã. Pedro, crucificado de cabeça para baixo por humildade, e Paulo, decapitado por ser cidadão romano, mostraram que o maior testemunho é dar a vida por Cristo.
Neste Dia do Papa, renovemos nossa comunhão com o Santo Padre, seguindo o exemplo de Dom Bosco, que via no Papa a voz de Cristo para a Igreja. Que a intercessão de Pedro e Paulo nos ajude a ser:
Fiéis à doutrina apostólica, em comunhão com o Sucessor de Pedro;
Corajosos no anúncio do Evangelho, como Paulo;
Generosos no serviço, seguindo o exemplo de Cristo, o Bom Pastor.
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Viva o Papa!