Vocação Salesiana

A vocação é sempre uma inquietação. Comparo ao processo de formação da pérola no interior da concha. Quando a areia entra na concha ela se fecha imediatamente. Começa uma luta interna para expulsar o invasor, o grão de areia. Na luta, a ostra solta um tipo de hormônio, ai começa a formar a pérola, cuja cor encanta os olhos.

O chamado de Deus entra na vida de uma pessoa sem pedir licença. Deus não precisa da nossa adesão, mas possibilita que lutemos no interior de nós mesmos para compreender e formar a resposta generosa ao chamado, que é sempre um Dom e Mistério, do amor incondicional dele por nós. Esse processo é corrente na vida de muitas pessoas. Pode acontecer num determinando momento da vida, num encontro bem definido e claro, também, pode ter várias fases ao longo da vida com momentos de forte inquietação e outros de serenidade e até de esquecimento. Mas ele continua dentro de nós, latente.

A vocação salesiana não é diferente desse processo. Dom Bosco, aos 9/10 anos sonhou. Aquele sonho de criança foi a areia que entrou na vida dele e nunca o deixou quieto. Aos poucos, ele compreendeu que sua vida não poderia ter outro sentido se não doação generosa aos jovens mais pobres, na escola daqueles dois personagens do sonho: Jesus e Maria. No entanto, foi preciso aprender a ver e tocas nos outros, sobretudo os meninos e jovens em situação de vulnerabilidade e ameaçados de morte. Naqueles meninos ele descobriu o tesouro escondido, a pérola preciosa de sua vida.

A resposta criativa e dinâmica de Dom Bosco atraiu a muitos outros jovens. Todos queriam fazer a experiência de caridade, serviço, aos mais pobres para encontrar Jesus e permanecer com ele em graça de unidade de vida. Assim brotou a vocação salesiana, quer dizer, ser no coração da Igreja o sinal do amor de Deus que salva. Vocação que é vivida numa entrega radical. Ser salesiano(a) é compreender-se na Igreja como sinal, quase um sacramento, da presença de Deus que abandona o fardo do mundanismo e abraça a preventividade, a vida fraterna, os conselhos evangélicos e a missão comum como uma pérola que encanta e dá sentido à vida.

Mas, atenção! A vocação salesiana não tem porto seguro, ou seja, não nos leva a um comodismo de vida, ao querer menos, à busca de interesses pessoais e intimistas. A vocação salesiana é subir na barca com Jesus para ouvi-lo e saber pescar até nos momentos mais agitados na dúvida e na certeza, nas provações e nas alegrias. É graça de unidade que se consegue no cotidiano da mística (intimidade com Deus) e na ascese (graça de Deus e esforço), traduzido no DÁ-ME AS PESSOAS E FICA COM O RESTO.  

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