Queridos amigos,

Na vida, aprendemos a cultivar a gratidão, não porque as circunstâncias sejam perfeitas, mas porque somos pessoas guiadas pela esperança. A esperança é a força serena que sustenta o espírito humano através das culturas e dos continentes. Como nos recordava frequentemente o saudoso Papa Francisco, "a esperança é ousada; sabe olhar para além das conveniências pessoais, das pequenas seguranças deste mundo e de todas as barreiras do egoísmo".

Dom Bosco viveu esta esperança todos os dias. Ele encoraja-nos a caminhar com os pés na terra, mas com o coração no céu. O seu otimismo inabalável, mesmo nas dificuldades, demonstra que a esperança não é passiva: impulsiona-nos a agir, a levantar os outros. Na incerteza, encarnamos a esperança e mostramos que com Deus há sempre luz, sempre há um propósito e nenhuma escuridão é definitiva. Que a nossa esperança inspire outros a levantar-se, reconstruir e acreditar no poder transformador do amor.

P. Eric Mairura SDB

Setor para as Missões

Construir pontes, não muros

No mundo de hoje, mais conectado do que nunca e ainda dilacerado por conflitos e divisões, o sonho de uma convivência pacífica pode parecer distante. No entanto, o Papa Leão XIV, na sua primeira mensagem ao mundo, ofereceu uma visão audaciosa e cheia de esperança: “uma igreja que constrói pontes, não muros”. O Papa disse-nos que somos chamados a tornar-nos uma Igreja missionária, uma Igreja de diálogo, paz e encontro. O seu apelo ecoou muito além da Praça de São Pedro: nas cidades, favelas e aldeias onde cristãos vivem juntos com muçulmanos, hindus, comunidades indígenas e não crentes, as palavras do Papa foram claríssimas. Não estamos aqui para impor, mas para propor, para viver e servir com humildade, trabalhando lado a lado com pessoas de diferentes crenças, culturas e tradições.

Quando estive na Serra Leoa, no programa para menores vulneráveis do Don Bosco Fambul, fiquei feliz por ver muçulmanos e cristãos, rapazes e moças, viverem juntos em paz sob o mesmo teto. Os trabalhadores cristãos e muçulmanos atuam pelas crianças com o mesmo coração e profundo amor por Dom Bosco, pelo espírito salesiano e pelo seu sistema educativo. A verdadeira paz não se constrói de um dia para o outro; requer humildade, abertura e, muitas vezes, sacrifício. Exige paciência, coragem e uma compaixão profunda, especialmente quando há recusa do outro lado. Quando escolhemos este caminho, tornamo-nos casa para todos, escola de paz e de reconciliação. Num mundo marcado pelo medo e polarização, a missão nunca foi tão urgente ou tão profética.

P. Jorge Mario Crisafulli SDB

Conselheiro Geral para as Missões

RASS – UMA REDE QUE RESPEITA A DIVERSIDADE E PROMOVE O DIÁLOGO

Alex, podes apresentar brevemente o que é a RASS, a sua missão e objetivo?

A “Red América Social Salesiana” (RASS) é a rede de obras e serviços sociais salesianos que acompanham crianças, adolescentes, jovens e famílias em situações de vulnerabilidade e exclusão no continente americano. À luz do Evangelho e fiéis ao Sistema Preventivo de Dom Bosco, o nosso objetivo é consolidar os processos de articulação, formação e comunicação, com o fim de valorizar e fortalecer a resposta salesiana oferecida localmente às populações atendidas.

O tema principal deste mês é a convivência. Como a RASS promove a convivência entre diferentes pessoas?

A partir da abordagem salesiana e da atualização do sistema preventivo, a nossa identidade carismática baseia-se nos direitos humanos e no reconhecimento de todos como filhos de Deus. As nossas ações visam o desenvolvimento humano integral, a construção de redes que gerem unidade e um futuro digno para os que acompanhamos. Como rede, fortalecemos as capacidades locais através de formações centradas na interculturalidade e no respeito pela diversidade, promoção de espaços de diálogo, escuta e participação, e com iniciativas de comunicação para aumentar a visibilidade e a consciencialização. Como parte do nosso carisma, os nossos ambientes são construídos como espaços onde as diferenças são valorizadas como uma riqueza e não como ameaça.

Como vês a dimensão missionária e suas manifestações no contexto das obras sociais salesianas?

A dimensão missionária nas obras sociais salesianas na América nasce da visão original de Dom Bosco que, no século XIX, percorria as ruas acompanhando crianças, adolescentes e jovens que viviam diversas situações de vulnerabilidade como orfandade, trabalho infantil, vida na rua, analfabetismo, desnutrição – defendendo os seus direitos e oferecendo uma proposta educativa integral, incluindo formação espiritual. Hoje, este espírito missionário traduz-se em mais de 180 obras sociais que, com base no carisma salesiano, realizam programas e projetos para crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, facilitando a superação das suas dificuldades pessoais e contribuindo para gerar um impacto social positivo nas suas vidas e comunidades.

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