A vida de São Domingos Sávio é uma luminosa expressão da espiritualidade salesiana, marcada pela alegria, pela santidade juvenil e pela profunda amizade com Dom Bosco. Nascido em 2 de abril de 1842, em Riva di Chieri, próximo a Turim, na Itália, Domingos era filho de Carlos Sávio, um ferreiro, e Brígida Gaiato, uma mulher piedosa e trabalhadora (LEMOYNE, 1955, p. 277).
Desde muito cedo, demonstrou grande sensibilidade religiosa e maturidade espiritual. Com apenas sete anos, fez a Primeira Comunhão, ocasião em que escreveu seu famoso propósito: “Antes morrer do que pecar” (BOSCO, 1897, p. 45).
Aos 12 anos, em 1854, Domingos conheceu Dom Bosco em Mondonio. O encontro foi decisivo. Dom Bosco percebeu logo a profundidade espiritual daquele jovem e o acolheu no Oratório de Valdocco, em Turim (LEMOYNE, 1955, p. 283-285). Ali, Domingos mergulhou na vida comunitária salesiana, marcada pela oração, pelos estudos, pela amizade e pelas brincadeiras. Tinha grande devoção à Eucaristia e a Maria Santíssima, a quem consagrou sua vida (LEMOYNE, 1955, p. 294-295). Ele não buscava penitências extraordinárias, mas procurava ser fiel nas pequenas coisas do dia a dia, com um espírito alegre, humilde e generoso.
No Oratório, fundou a “Companhia da Imaculada Conceição”, um grupo de jovens que, com a orientação de Dom Bosco, se dedicava a viver com mais radicalidade os compromissos cristãos e a ajudar os colegas mais difíceis (LEMOYNE, 1955, p. 340-341). Domingos acreditava que era possível ser santo sendo jovem e feliz, como afirmou certa vez: “Nós fazemos consistir a santidade em estar sempre alegres” (LEMOYNE, 1955, p. 289).
Sua saúde, contudo, era frágil. Em 1857, com apenas 14 anos, adoeceu gravemente e teve de voltar para casa, em Mondonio, onde faleceu no dia 9 de março daquele ano. Suas últimas palavras, segundo relato de seu pai, foram: “Estou vendo coisas maravilhosas…” (LEMOYNE, 1955, p. 377-378).
Domingos Sávio foi canonizado por Pio XII em 12 de junho de 1954, tornando-se o mais jovem santo não-mártir canonizado até então. Foi declarado padroeiro dos coroinhas e da juventude, símbolo da possibilidade real da santidade juvenil (PIO XII, 1954).
A alegria de ser salesiano encontra eco na vida de Domingos. Ser salesiano — consagrado ou leigo — é viver com entusiasmo a missão de Dom Bosco: educar e evangelizar os jovens com bondade, firmeza e presença amiga. É assumir a santidade como vocação acessível e cotidiana, como Domingos Sávio viveu. É deixar-se transformar por Cristo, com o sorriso nos lábios e o coração cheio de amor, em meio às realidades juvenis.
Como dizia Dom Bosco: “Basta que sejais jovens para que eu vos ame profundamente” (LEMOYNE, 1955, p. 16). Domingos sentiu-se profundamente amado, e isso fez brotar em seu coração a alegria verdadeira. Hoje, cada salesiano é chamado a irradiar essa mesma alegria, tornando-se sinal do amor de Deus entre os jovens, com o entusiasmo de Domingos e a paixão educativa de Dom Bosco.
REFERÊNCIAS
BOSCO, João. O Jovem Instruído. São Paulo: Edições Salesianas, 1897.
LEMOYNE, Giovanni Battista. Memórias Biográficas de São João Bosco. Volume V. São Paulo: Edições Salesianas, 1955.
PIO XII. Discurso de Canonização de São Domingos Sávio. 12 de junho de 1954. Disponível em: https://www.vatican.va/content/pius-xii/it/speeches/1954/documents/hf_p-xii_spe_19540612_canonizzazione.html . Acesso em: 30/04/2025.
FRANCISCO. Christus Vivit: Exortação Apostólica Pós-Sinodal. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2019.
SALESIANOS DE DOM BOSCO. Site oficial. Disponível em: https://www.sdb.org. Acesso em: 30/04/2025.